Dia Nacional das Autoescolas: como o setor conseguiu se manter durante a pandemia?

CFC's relatam efeitos da pandemia e forma de superação

Por Mácio Amaral – portaldotransito.com.br

Comemorado no último dia  19 de novembro, o Dia Nacional das Autoescolas tem um significado um pouco diferente no segundo ano da pandemia da Covid-19. Após períodos de incerteza e instabilidade nos momentos mais críticos da pandemia, proprietários dos também chamados Centros de Formação de Condutores (CFCs) voltam a vislumbrar dias melhores.

O Portal do Trânsito conversou com quem vivenciou na pele a crise que começou em março de 2020 e afetou muitos empresários e trabalhadores do setor, inclusive trazendo resquícios até hoje, já quase no fim do ano seguinte.

Dia Nacional das Autoescolas, perguntamos: afinal, o que foi preciso ser feito para superar esse momento?

Proprietário da Autoescola Alagoana, em Maceió, Themistocles Vasconcellos conta que o período foi crítico para os negócios. “A pandemia caiu como uma bomba. Nós ficamos 5 meses parados, houve bastante desistência de alunos. As  desistências diminuíram mais quando o governo federal anunciou a prorrogação do processo, o que deixou o aluno mais confiante, porém, ainda vieram as contas, como aluguéis, contas de água e luz. A gente não tinha como fazer a suspensão desses serviços, até porque não sabíamos quando íamos voltar”, conta o empresário.

A empresa está no mercado há 11 anos e emprega de forma direta cerca de 70 funcionários, mas até então nunca havia enfrentado uma situação como a dos últimos meses. Segundo Theo, como é conhecido na cidade, cerca de 40 alunos desistiram, e o número só não foi maior porque a empresa é uma das mais conhecidas e buscadas da capital alagoana.

Efeitos da pandemia e superação

Além disso, todo o processo de adaptação foi um desafio, desde a mudança para o formato de ensino digital até a logística com o protocolo sanitário de limpeza específica dos veículos e das dependências da empresa.

“Como a gente ficou 5 meses parado, veio o benefício da suspensão dos contratos de trabalho, o que tirou um peso muito grande, isso realmente foi o que salvou. Sem isso, acho que eu não estaria mais no ramo”, diz.

Theo acabou contando com a sorte e as necessidades dos clientes para manter os negócios. Ele diz que muitos procuraram tirar a primeira CNH por medo de utilizar o transporte público, principalmente nos picos da pandemia. Por outro lado, a exigência do documento nos editais de concursos públicos também fez com que novos candidatos procurassem a autoescola.

Agora, ele se sente mais esperançoso com o futuro, mas não deixa de estar alerta.

“Graças a Deus, agora a maré está mais baixa. A crise econômica está vindo aí, porque o preço do combustível afeta diretamente as autoescolas e o poder de compra da população, mas vamos caminhando para passar por mais esse desafio”, afirma.

O digital foi alternativa

Com o fechamento de grande parte das atividades comerciais devido às medidas de isolamento e distanciamento social, além da adoção das aulas teóricas no formato remoto em todo o Brasil, digitalizar os serviços foi primordial. E não apenas para conseguir manter o funcionamento da autoescola, mas também para ser visto e contratado num período de crise.

É o que aponta Thayane Fidelis de Aquino, que desde 2014 trabalha prestando serviços de consultoria para segmento. Em 2018 ela criou um serviço específico de captação de alunos pelas redes sociais.

“Mesmo com as autoescolas fechadas, continuamos gerando negócios constantemente para nossos clientes, que mantiveram o contrato e a presença digital. O principal interesse das autoescolas que nos procuram é nos serviços de captação de alunos e de qualificação de sua equipe de atendimento e vendas. Essa demanda aumentou. Muitas autoescolas viram a necessidade de qualificarem mais a sua equipe, principalmente para o atendimento online no período da pandemia”, explicou Fidelis.

Segundo ela, que promoveu lives e conteúdos com orientações e dicas gratuitas durante esses meses da pandemia, foram centenas de funcionários e proprietários de CFCs impactados pelo trabalho. “Fizemos para contribuir com a qualificação do setor gratuitamente, neste momento tão difícil que passamos”, disse.

Ainda assim, ela ressalta que muitos ainda têm um pé atrás para investir no ramo, mas ela garante que os resultados são surpreendentes.

“Ainda é necessário desenvolver uma consciência no setor para valorizar esse tipo de trabalho e implantar com consistência em sua empresa. É importante que os proprietários de autoescolas tenham essa consciência. Bem como, separem uma verba para investir em estratégias digitais que é o melhor caminho para trazer clientes atualmente. Isso porque a grande maioria dos jovens fica a maior parte do tempo conectada nas mídias digitais. Estar fora do mundo digital é estar deixando o dinheiro na mesa”, aponta.

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